Começou ontem um dos períodos mais importantes para a agricultura. O inverno traz sempre riscos maiores de perdas de safra e instabilidade econômica no campo. Mas com prevenção e cuidados, pode-se passar este período com ganhos na produção e na comercialização dos produtos. Neste ano, o período será menos chuvoso em grande parte do país. Apesar da ventania e das chuvas características da época, a estação será mais quente neste ano, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Neste cenário, o inverno deve ser menos rigoroso que a média. Estão previstos picos de frio intenso de curta duração. Frentes frias vão chegar ao país ao longo do inverno, mas poucas com ar frio polar suficientemente forte para alcançar o interior do país e esfriar o Centro-Oeste e o interior do Sudeste, por exemplo. O inverno deste ano terá impacto do fenômeno El Niño, que afeta o Brasil aumentando a seca no Norte, Nordeste e parte norte do Centro-Oeste, e provocando o oposto no Sudeste e Sul, com volumes de chuva maiores que o normal
O inverno no Hemisfério Sul começou ontem, quarta-feira (21 de junho), às 11h58, e terminará no dia 23 de setembro, às 3h50 (horário de Brasília). A estação é marcada por um período menos chuvoso nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e em parte do Norte e Nordeste do Brasil. Por outro lado, os maiores volumes de precipitação (chuva) se concentram no noroeste da Região Norte, leste do Nordeste e em parte do Sul do país. A redução da chuva em grande parte do Brasil nesta época do ano é devido à persistência de massas de ar seco, o que provoca a diminuição da umidade relativa do ar e, consequentemente, favorece a ocorrência de queimadas e incêndios florestais, bem como o aumento de doenças respiratórias.
Neste inverno o risco de queimadas será ainda maior em muitas regiões do país
Além da menor incidência de radiação solar, a estação também se caracteriza pelas incursões de massas de ar frio vindas do sul do continente, provocando queda na temperatura do ar e valores médios inferiores a 22ºC na parte leste das regiões Sul e Sudeste do Brasil. A diminuição da temperatura pode ocasionar fenômenos como a formação de geada nas regiões Sul e Sudeste e no estado do Mato Grosso do Sul, queda de neve nas áreas serranas e planaltos da Região Sul e episódios de friagem em Mato Grosso, Rondônia, Acre e no sul do Amazonas. Além disso, no inverno, em função das inversões térmicas no período da manhã, é comum a formação de nevoeiros ou névoa úmida no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com redução de visibilidade, especialmente, em estradas e aeroportos.
Um cuidado muito importante é com as geadas
A geada é um fenômeno atmosférico que forma uma camada fina de gelo que ocorre quando a temperatura do solo está abaixo do ponto de congelamento da água. Este fenômeno pode levar a morte das plantas ou de algumas partes como folhas, ramos e frutos.
As geadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste sempre trazem preocupação aos produtores
A geada normalmente se forma em noites geladas e sem vento. Para que a geada aconteça, o frio faz o vapor de água presente no ar condensar e formar pequenas gotas perto do solo. Ou seja, a geada não “cai”, como a neve, ela é resultado da condensação e do congelamento da umidade do ar em superfícies que estão em temperaturas iguais ou abaixo de 0 °C.
Quais os impactos da geada nas lavouras?
Quando as plantas são expostas a geada, os resultados podem ser negativos trazendo prejuízos dos mais diversos tipos. As perdas podem ser por alterações físicas na estrutura da planta ou até o congelamento e rompimento de parede celular, podendo levar a morte parcial ou total da planta. Dessa forma, pode ocorrer até mesmo a perda total da lavoura, a depender do estado em que as plantas estão, caso não sejam tomadas medidas de proteção.
Tipos de Geada
Para entender melhor o assunto, vamos conhecer um pouco dos diferentes tipos de geada.
Geada Branca ou Geada de Radiação: é o tipo mais comum, que ocorre quando a umidade do ar está elevada e a temperatura cai rapidamente.
Geada Negra: muito mais perigosa para a lavoura, a geada negra congela o lado de dentro da planta. A geada negra acontece em noites de baixa umidade, extremo frio e vento.
Canela de Geada: acontece quando a temperatura perto do solo é menor e afeta a parte de baixo do tronco das árvores, sem afetar as folhas.
Geada de Advecção: o vento gelado da geada de advecção causa o ressecamento das folhas e, consequentemente, as mata.
Geada Mista: quando ocorre Geada de Advecção e, em seguida, Geada de Radiação.
Principais culturas afetadas pela geada
A geada interfere no desenvolvimento das plantas e causa perdas financeiras e na produção de diversas culturas. Saiba mais sobre os tipos de plantas mais afetados na época de frio.
Hortaliças: são muito suscetíveis ao frio e à geada, mas também é uma plantação que pode ser recuperada rapidamente dependendo da situação.
Cana-de-açúcar: a geada pode atrasar a maturação das plantas de cana-de-açúcar, fazendo demorar mais a chegar ao ponto ideal de colheita; onde já foi colhida, a geada atrasa a rebrota da cana.
Milho (safra): no caso do milho, a geada provoca a morte de planta.
Milho (safrinha): no milho de segunda safra, o risco é ainda maior se atrasar o período de plantio. A geada também prejudica a qualidade do produto ou a previsão dela acaba obrigando o agricultor a antecipar a colheita, o que também gera um milho de menor qualidade.
Café: a geada prejudica, especialmente, plantas jovens. Além disso, as ondas de frio intenso sequenciais vão deixando as plantas cada vez mais expostas, o que gradualmente diminui as chances de o café chegar ao ponto de colheita.
Trigo: a partir da floração, quando há geada, existem boas chances de perda dessas plantas.
Como proteger a lavoura da geada?
Para ter maior sucesso na proteção da lavoura contra a geada, você precisa estar preparado e preparar sua lavoura para essa época. Algumas técnicas que são utilizadas pelos produtores para tentar minimizar os prejuízos em algumas culturas.
Prevenção
Escolher o local de plantio de acordo com o zoneamento climático (fora de época de geada) se possível. Evitar plantar cultura sensível ao frio do inverno, usar cultivares mais resistentes. Plantar em estufa com cobertura e controle de temperatura. Não plantar em baixadas e em encostas baixas.
Neblina artificial ajuda a proteger os cafezais
Proteção física
Cobrir com lonas as hortaliças cultivadas em campo aberto. Cobrir mudas de café de até 30 cm com uma camada de terra e para plantas de até dois anos cobrir o caule até onde for possível. Ensacar os frutos, evitar irrigar as culturas antes da geada para não congelar as células vegetais, instalar cortinas de quebra vento e cobrir com manta as culturas em estufas abertas nas laterais, queimar serragem com óleo em tonel em pontos estratégicos para diminuir a incidência de geada. Sobrevoar com helicóptero sobre a cultura para mover o ar e impedir que atinja o ponto de geada. Técnica utilizada fora do Brasil, em vinhedos na Europa.
Fortalecimento da planta
Além dessas ações, algumas culturas podem ser preparadas com fertilizantes que induzam maior tolerância a geadas, como extratos de algas e aminoácidos, como fertilizante líquido de ação bioestimulante à base de algas marinhas, fertilizante com aminoácidos de ação bioestimulante e rico em nitrogênio e fertilizante com ação antiestressante à base de algas marinhas e aminoácidos.
Confira no link abaixo o prognóstico climático da estação produzido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe):
Com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).