da Redação
Este grão rico em proteínas e com alta demanda para a agroindústria, é produzido em milhares de pequenas propriedades; a soja também está presente na produção e geração de biodiesel
O que difere a produção de soja na agricultura familiar em relação aos grandes produtores é justamente as muitas dificuldades enfrentadas na cultura, incluindo o acesso à assistência técnica. Muitas vezes essa assistência está atrelada à compra e venda de algum produto. Porém, felizmente, alguns estados têm investido na capacitação técnica, ampliando as possibilidades do agricultor.
Um segmento que tem muito potencial na agricultura familiar é o do plantio de produtos orgânicos, cuja demanda vem crescendo consideravelmente na sociedade. Atualmente, são produzidos de forma orgânica desde tomates até a carne, sendo que a soja produzida de forma livre de fertilizantes químicos vem conquistando consumidores na Europa e, mais recentemente, também no Brasil.
Assim, livre de produtos químicos como herbicidas, fungicidas e inseticidas, a soja orgânica acaba por ser um bom investimento para os agricultores familiares. De modo geral, o custo de produção é menor do que no sistema convencional e sua produção para consumo humano torna-se mais uma alternativa de renda.
Associada normalmente com a produção em grandes áreas de terras, a cultura se consolidou como a principal fonte de renda para a agricultura familiar no Rio Grande do Sul, estando presente em milhares de propriedades. A partir da implementação de políticas de crédito rural e de acesso à assistência técnica, a soja se disseminou de maneira rápida pela região Sul e recentemente vem conquistando também outras regiões do país.
Um exemplo dessas políticas que viabilizam a produção de soja nas pequenas e médias propriedades rurais é o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Atualmente, para que uma cooperativa possa participar do PNPB, pelo menos 60% dos seus cooperados precisam ser agricultores familiares com Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).
De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o valor bruto da produção (VBP) de soja atingiu R$ 3,99 bilhões somente em propriedades familiares no Rio Grande do Sul, sendo que a renda da soja entre os pequenos produtores cresceu 254% na comparação com o censo anterior, de 2006. Atualmente, o grão representa 20% do faturamento das unidades familiares, o que alcança R$ 20,26 bilhões. Isso significa que a soja é responsável por R$ 1 de cada R$ 5 gerados pela agricultura familiar no estado.
Com a crescente demanda, puxada principalmente pela China e pelo interesse no plantio orgânico pelos importadores da Europa, a soja passou a ser vista como alternativa segura para a obtenção de renda. Além da constante demanda do setor de biodiesel nacional, que adquire parte da sua matéria-prima junto à agricultura familiar.
O mercado da soja tem alta liquidez, e com pagamentos à vista, transforma-se em vetor de crescimento para pequenos produtores de todo o país. Assim, a soja, além de aminoácidos, fibras, isoflavonas, proteínas e vitaminas, mantém seu enorme potencial de contribuição à agricultura familiar no Brasil, onde 70% dos alimentos são produzidos nas pequenas propriedades rurais.