No último sábado (24), durante o dia todo, Nova Ferradas, zona oeste da cidade de Itabuna, recebeu as equipes do MAIS VIDA BRASIL. O lugar onde nasceu o escritor mais ilustre da Bahia, o grande Jorge Amado, é hoje uma região com muitas carências. A gestora da Diretoria de Saúde Básica e Providências da CONAFER, Ana Caroline Firmino, explica que “o intuito foi agradecer aos moradores de Nova Ferradas pelo acolhimento aos parentes indígenas de todo o país que estiveram durante quase 30 dias no acampamento Tehiana Livre!”. Foram realizados exames laboratoriais, consultas com clínico geral, procedimentos dentários, atendimentos com fisioterapeuta, psicóloga, oftalmologista e enfermagem, incluindo exames de triagem, testes rápidos: HIV, sífilis, glicemia e pressão arterial, citologia (preventivo), vacinação, lanches e lazer para as crianças do bairro

A CONAFER tem se destacado em todo o Brasil por seu compromisso com a saúde e o bem-estar das comunidades mais vulneráveis. Por meio do programa MAIS VIDA BRASIL, a entidade tem promovido ações de saúde multidisciplinares que impactam diretamente a vida de milhares de brasileiros em áreas carentes e de difícil acesso. Na comunidade de Ferradas, o MAIS VIDA BRASIL realizou mais uma de suas ações que exemplificam o alcance e a importância do programa. 

Com uma equipe de profissionais de diversas especialidades, como médicos, oftalmologistas, fisioterapeutas, odontólogos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais, a CONAFER garantiu, neste último sábado, que os moradores locais recebessem um atendimento completo e de qualidade. Além disso, a ação incluiu a entrega de 100 kits de higiene bucal, café da manhã, lanche da tarde e momentos de lazer para as crianças, com algodão doce, pipoca e pula-pula.

O sucesso dessa ação reflete o impacto positivo do MAIS VIDA BRASIL em comunidades frequentemente esquecidas. As barreiras enfrentadas por essas populações são inúmeras, sejam elas políticas, geográficas e socioeconômicas, dificultando o acesso a serviços essenciais como a saúde. A presença da CONAFER nestas localidades, portanto, não apenas proporciona atendimento médico, mas também promove equidade na saúde, um direito básico de todo cidadão.

Outro ponto de destaque foi a realização de dezenas de cadastros para o MAIS VIDA BRASIL durante a ação em Ferradas, permitindo que essas famílias tenham continuidade no acompanhamento de sua saúde e bem-estar. Esta abordagem inclusiva é essencial para garantir que os cuidados médicos cheguem a todos, independentemente de sua origem ou condição social

O programa MAIS VIDA BRASIL é uma das iniciativas que exemplificam como a saúde pode e deve ser acessível a todos. A CONAFER, com sua atuação direta nas comunidades, demonstra que é possível superar barreiras históricas e proporcionar um atendimento digno a quem mais precisa. O impacto do MAIS VIDA BRASIL vai muito além do atendimento individual. Trata-se de uma mudança de paradigma, onde a saúde é vista como um direito e não um privilégio. Ao garantir que comunidades isoladas tenham acesso a profissionais de saúde qualificados e a um atendimento humanizado, a CONAFER está pavimentando o caminho para um futuro onde todos os brasileiros possam usufruir de uma vida saudável e plena.

A história do bairro: 200 anos de Ferradas

A localidade surgiu em 19 de outubro de 1817 com o nome de Freguesia de D. Pedro Alcântara. O local tem sua história ligada à catequese dos índios. A vila foi criada com base na lei 1.425 de 19 de agosto de 1874. É em Ferradas que começa a história de Itabuna.

O frei Ludovico de Livorno, em 2 de março de 1816, chegou a Ilhéus e, com a alegação de catequizar os índios Mongaiós e Aimorés, dias depois se instalou na localidade que depois ganharia no nome de Ferradas. Um ano antes da chegada do ex-capelão do exército de Napoleão Bonaparte, o Conde dos Arcos, então governador da Bahia, ordenou que os índios fossem transferidos para outro local. Eles moravam do outro lado do Rio Amada e foram transferidos para Ferradas.

Foi também a partir de Ferradas que se iniciou a abertura de uma estrada em busca da zona sertaneja de Vitória da Conquista. A localidade recebeu visitantes ilustres, como os cientistas holandeses Von Spix e Von Martius, e o príncipe alemão Maximiliano Alexandre Felipe. Mas Ferradas seria mais conhecida por ser o local em que nasceu o escritor Jorge Amado. Ele nasceu numa fazenda, mas morou na rua Frei Ludovico, casa número 213, que hoje está totalmente abandonada.

Origem do nome

Existem duas versões para a origem do nome do primeiro local habitado por brancos em Itabuna. Uma delas é de que sertanejos, vindos de Vitória da Conquista, que viajavam até Minas Gerais, entravam em Ferradas para descansar e trocar as ferraduras dos animais. A outra versão é que Frei Ludovico de Livorno, o fundador da vila, ao desbravar o local, ia ferrando as árvores, riscando nas cascas o sinal da cruz para não perder o ponto inicial, enquanto abria as picadas na mata virgem.

Ludovico ensinou para os índios princípios de urbanização e cuidados com a saúde pública. Nos primeiros dias de 1846 o frei contraiu malária e, levado para Salvador, morreu dois dias depois. Ele foi substituído provisoriamente por frei Clemente de Andevino, que cedeu lugar para Vicente Maria D’Ascoli em junho de 1848, ficou pouco tempo no cargo. Ele foi substituído anos depois por Frei Luiz de Grava. No dia 14 de abril de 1875 o frei morreu afogado nas águas do Rio Cachoeira. Nesta época crescia o comércio de gado e, inicialmente, a localidade foi denominada de Sítio das Árvores Ferradas, depois passou a Vila de Ferradas.

No dia 14 de setembro de 1916 foi criada a lei número 9, transformando o local em Conceição de Ferradas, mas a mudança foi rejeitada pelos moradores. Hoje, a pouco mais de 2 meses de completar 191 anos de fundação, a localidade está completamente abandonada, com ruas intransitáveis por causa dos buracos, postes sem iluminação pública, falta de água e coleta de lixo irregular. Ferradas só foi um pouco melhor em Terra dos Sem Fim, do homem mais famoso da localidade, Jorge Amado. Mesmo assim, a casa onde ele morou desapareceu com o tempo e a queda do telhado e das paredes. Hoje só existe o terreno e uma placa.

Com informações de “Memoria Grapiuna”, projeto da Fundação Jupará com patrocínio da rádio Morena FM 98.7 e jornal A Região.

Compartilhe via: