Na primeira edição do Mulheres da Terra, em 25 de março último, CONAFER e GDF inauguraram o programa pioneiro levando 30 agricultoras de Brazlândia para um passeio pela capital federal. Desta vez, 60 produtoras rurais tiveram o seu dia de turismo em Brasília. A parceria entre a Secretaria de Turismo da CONAFER e as secretarias de Turismo e da Mulher do GDF, é uma oportunidade única para estas mulheres que labutam diariamente na produção agrofamiliar. Todas elas têm histórias de luta e trabalho no campo, sempre enfrentando as dificuldades impostas pelos limites econômicos e sociais da capital federal. Sair do ambiente rural da histórica Planaltina e da Reserva Kariri Xocó do Noroeste, para um dia de turismo na capital federal, foi uma alegria para estas camponesas e indígenas, e uma satisfação para os organizadores de mais um Mulheres da Terra
No último sábado, dia 29 de abril, 30 camponesas e 30 indígenas, saíram bem cedo do Núcleo Rural São José de Planaltina e da Reserva Kariri Xocó do Noroeste, para mais um Mulheres da Terra. As 60 produtoras rurais e as equipes da Secretaria de Turismo do DF e Secretaria de Turismo da CONAFER, em parceria com a SMDF, CAISAN/SEDES, Terra Bank, + Pecuária Brasil e Administração Regional de Planaltina, chegaram no Memorial dos Povos Indígenas para iniciar a rota turística pela capital federal.
Idealizado por Darcy Ribeiro e projetado por Oscar Niemeyer, o prédio do Memorial em forma de espiral remete à maloca dos Yanomami. O espaço foi construído em 1987, tem área de 2,9 mil m² e um amplo pátio interno, onde são realizadas apresentações e outras manifestações da cultura indígena. O Memorial recebe uma média de 2,5 mil visitantes por mês, e tem por objetivo mostrar a diversidade e riqueza da cultura indígena, de forma dinâmica e viva. Foi o que viram as nossas mulheres da terra ao conhecerem este ambiente rico em histórias e ancestralidades.
Próxima parada e estamos na Catedral Metropolitana de Brasília e o cenário urbano de Brasília, com seus prédios históricos e grandes avenidas, como o Eixo Monumental. Esta ação é também uma forma de inclusão para estas mulheres que passam muitas vezes uma vida inteira nas cidades satélites sem ter a chance de usufruir da riqueza cultural de Brasília, cidade que é patrimônio da Unesco.
Lena Gomes, 51 anos, é líder comunitária do Núcleo Rural São José, em Planaltina
A agricultora Lena Gomes, junto com seus filhos, produz hortaliças, quiabo e berinjelas. Ao falar do projeto, Lena disse que tinha muita vontade de levar as mulheres da área rural para conhecer os pontos turísticos da cidade de Brasília. “E eu achei que foi ótimo, foi maravilhoso. As meninas ficaram maravilhadas com esse projeto e tomara que ele prossiga, que dê mais oportunidade para mais outras mulheres a ir conhecer Brasília, conhecer a nossa origem, a nossa capital”.
Depois, o trajeto levou nossas agricultoras familiares até a Torre de TV, um lugar muito visitado por todos que vem à Brasília. Do grande chafariz e da vista de todo o DF, o passeio seguiu para o almoço da Universidade de Brasília, e em seguida para a Praça Cívica, mais conhecida como Praça dos Cristais, uma obra paisagística projetada pelo artista plástico Roberto Burle Marx. Ela está localizada no Setor Militar Urbano, em frente ao Quartel General do Exército. A praça foi inaugurada em 1970, após cinco anos de construção e é um jardim geométrico construído na forma de um triângulo que conta com um espaço de 102 mil metros quadrados, sendo um local ideal para uma tarde de descanso e lazer.
Nildes Kariri Xocó, da Reserva Indígena Kariri Xocó do Setor Noroeste
Nildes Kariri Xocó, da Reserva Indígena Kariri Xocó, agradeceu a experiência com as Mulheres da Terra, “tenho 25 anos de Brasília e nunca tive um dia para passear como passeamos para conhecer os pontos turísticos com toda a explicação que tivemos. Nós trabalhamos com agricultura familiar aqui no Centro-Oeste, viemos de Alagoas, todas agricultoras, trabalhamos com artesanato indígena, porque a diversidade cultural e a cultura dos povos é muito linda. Quando a gente se encontra com estas mulheres, como as de Planaltina, fica bem mais lindo”.
Alessandra Alves, 45 anos, produtora rural há 20 anos, “gostou das mulheres serem lembradas, e que às vezes são esquecidas”
A produtora rural, Alessandra Alves, falou da experiência: “moro no Núcleo Rural São José que fica em Planaltina-DF. Nós plantamos todo dia um pouco, tomate, pimentão, repolho, pimenta de cheiro, pepino, pepino japonês, abóbora e outras variedades. E sobre o Mulheres da Terra, eu achei muito interessante, gostei das mulheres serem lembradas, que às vezes são esquecidas. E gostei muito que foi um dia muito maravilhoso para elas também, né? Todas nós realmente curtimos e gostamos bastante. Foi muito bom mesmo”.
Mais para o final da tarde, o grupo seguiu para a Praça dos Três Poderes, onde visitou o Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um memorial cívico destinado a homenagear heróis e heroínas nacionais que, de algum modo, serviram para o engrandecimento da nação brasileira. O espaço, que está localizado na Praça dos Três Poderes e é administrado pela Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal. O espaço cultural celebra os ideais de democracia e liberdade, reverenciando, em especial as figuras de Tiradentes e Tancredo Neves.
O término do tour foi na Casa de Chá, um espaço histórico de debate político, e que hoje serve como Centro de Atendimento ao Turista. Na Casa de Chá, foi servido um lanche da tarde e foram distribuídos brindes às participantes, para depois levá-las aos seus lares junto de suas famílias. Mais um grande dia do Mulheres da Terra e a certeza de ter presenteado estas mulheres muito especiais com um dia inesquecível em suas vidas.