Situado no centro da América do Sul, o Pantanal tem área de aproximadamente 362 mil km², sendo 150 mil km² em território brasileiro, divididos em 65% no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso. Desde de outubro, o fogo só aumenta e se alastra para devorar parte deste bioma conhecido mundialmente por sua beleza, fauna, pecuária centenária e atrativos turísticos. O problema maior é que não há previsão de trégua. Na primeira metade de novembro, foram registrados 3.098 focos de incêndios, um recorde histórico para o mês desde 2002, quando foram contabilizados 2.328 focos. O aumento de queimadas ultrapassa 1.400%, conforme monitoramento do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os incêndios já levaram os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a decretar situação de emergência na região norte do Pantanal

Na última semana, o fogo chegou a invadir a rodovia Transpantaneira. As chamas foram controladas pelas equipes de brigadistas e não alcançaram as casas. A causa dos incêndios ainda está sob investigação. Os especialistas avaliam se começaram por causa da queda de raios ou por ação humana. “Não foi possível esclarecer se todos os incêndios no Pantanal se iniciaram com um raio, uma descarga elétrica, ou não, como em 2020, quando muitos foram por crime ambiental, alguém botando fogo para destruir a vegetação”, disse o climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. 

Em Poconé, um incêndio florestal atingiu o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense

Em 2020, o fogo queimou mais de 30% do território do Pantanal, na porção brasileira, o equivalente a 44.998 quilômetros quadrados.

No dia 21 de outubro deste ano, três raios atingiram o Parna do Pantanal, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Dorochê e uma propriedade particular. Para tentar controlar as chamas, as equipes de brigadistas foram reforçadas. Atualmente, há mais de 300 servidores no combate aos incêndios no Pantanal, com o apoio de quatro aeronaves e veículos especiais de combate a incêndios. O contingente foi reforçado recentemente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

Com a decretação de situação de emergência no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o governo federal passa a atuar em áreas estaduais por meio da Defesa Civil, além da transferência de recursos para as ações de combate aos incêndios florestais e municípios atingidos pelo desastre. O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, está em Cuiabá, capital mato-grossense, para coordenar as ações. O plano de trabalho está sendo definido, conjuntamente, pelos órgãos federais e estaduais. Para Agostinho, o trabalho integrado é essencial para ter um bom resultado. “Sabemos que, enquanto área atingida, é muito menor que em 2020, mas o Pantanal surpreende. Todo fogo no Pantanal precisa de atenção. Não é algo simples, por isso, vamos trabalhar juntos”, afirmou, em comunicado. O decreto de Mato Grosso, publicado na terça-feira (14), tem vigência de 60 dias e é um reforço a outra medida que determinou a prorrogação do período proibitivo para queimadas no estado até 30 de novembro, para atender uma exigência do governo federal no pedido de apoio para combate aos incêndios. O documento cita as condições climáticas adversas – estiagem prolongada, altas temperaturas, ondas de calor, umidade do ar baixa e ventos intensos – que favorecem a ocorrência de incêndios. A situação também traz agravos à saúde, sobretudo de idosos e crianças. 

Força Nacional de Segurança Pública está atuando para delebar os incêndios

Causas 

Em 21 de outubro, três raios atingiram o Parna do Pantanal, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Dorochê e uma propriedade particular próxima, dando início a incêndios. Desde janeiro, o governo federal se planeja para a prevenção e o combate a incêndios no bioma. Em maio, foi lançado o Plano de Ação para o Manejo Integrado do Fogo no Pantanal. A iniciativa teve participação de representantes da sociedade civil e dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O plano resultou em ações de prevenção para evitar o eventual espalhamento do fogo, como as queimas prescritas. As atividades foram realizadas em conjunto com comunidades ribeirinhas no entorno dos principais rios da região. Em razão da extensão do período seco no bioma e de dificuldades de acesso a áreas com incêndios florestais, as equipes precisaram ser reforçadas. Além disso, há previsão de aumento da temperatura nos próximos 15 dias na região. 

Mato Grosso

Em Mato Grosso, as chamas se concentram no Parque Nacional (Parna) do Pantanal, na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Dorochê, nos parques estaduais Encontro das Águas e Rio Negro e em propriedades particulares. A preocupação é com o avanço de incêndios para a região norte de Mato Grosso do Sul. 

Serão acrescidos à estrutura de enfrentamento dois helicópteros para transporte de brigadistas, quatro pás carregadeiras, seis barcos e kits de internet satelital. O Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já haviam anunciado reforço de brigadistas e aviões para a região, onde atuam desde julho. No total, 299 brigadistas e servidores federais estão no Pantanal. 

Brigadistas do ICMBIO monitoram as margens do rio Cuiabá para evitar que o fogo cruze para o lado do Mato Grosso do Sul, durante combate ao incêndio florestal que atinge o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense

Mato Grosso do Sul 

Em Mato Grosso do Sul, o decreto de emergência, também publicado ontem, terá vigência de 90 dias e vale para os municípios de Corumbá, Ladário, Miranda, Aquidauana e Porto Murtinho, cidades da região pantaneira mais afetadas pelos incêndios. O boletim de monitoramento de incêndios florestais no estado – elaborado pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul e pelo Corpo de Bombeiros – aponta que, no período de 1º de janeiro a 12 de novembro de 2023 – houve redução de 8,7% na área queimada do bioma Cerrado em território sul-mato-grossense e um aumento de 95,8% no bioma do Pantanal, em relação ao ano de 2022. “O estado de Mato Grosso do Sul vem enfrentando uma intensa onda de calor com registro de temperaturas entre 38°C a 43°C, aliada a baixos valores de umidade relativa do ar, entre 10% e 30%”, diz o decreto do governo sul-mato-grossense, citando temperaturas 42,7°C e 42,0°C, em Porto Murtinho e Corumbá, respectivamente, “tendo como consequência, o surgimento de centenas de focos de calor e incêndios de grandes proporções”.

Com informações da Agência Brasil.

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