da Redação
O Brasil possui tecnologia para desenvolver o setor pecuarista, e ao mesmo tempo reduzir a emissão de metano, um gás causador do efeito estufa. A Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária apresentou estudos que avaliaram o desempenho produtivo dos sistemas integrados de produção agropecuária, a exemplo do lavoura-pecuária (ILP), pecuária-floresta (IPF) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), todos alternativas para os projetos da Confederação, como o ERA, o CONAFER nas Aldeias, o ELAS, o Replantar e o +Pecuária Brasil, este principalmente em relação ao ILPF, pois este sistema pode utilizar diferentes arranjos produtivos agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área, capazes de produzir novas matrizes, para gado de corte e leite, de forma segura, sustentável e com baixo custo. No caso do +Pecuária, o ILPF é maximizado ao combinar seu sistema com o uso da tecnologia de inseminação artificial, fundamental para os produtores rurais obterem altas performances na reprodutividade dos rebanhos
Entre os benefícios de adotar tecnologias que favoreçam o desenvolvimento de uma agricultura de baixa emissão de carbono, pode-se destacar, além da preservação do meio ambiente, conservação do solo e melhor utilização da água, a elevação da renda do produtor e melhoria de toda a cadeia produtiva. Isto é resultado de sistemas bem manejados, que permitem o aumento da matéria orgânica no terreno e a estocagem de carbono em forma de raízes das forrageiras e nas árvores, quando elas fazem parte do sistema, a exemplo do que acontece no ILPF.
A Embrapa destaca a importância de sistemas como a ILP e a ILPF, enquanto ferramentas importantes na exploração e intensificação do uso do solo, com a vantagem de colaborar para a redução da quantidade de carbono emitida, mesmo em pastagens tradicionais, que ao serem bem manejados viabilizam bons resultados neste sentido. Os dados levantados pela pesquisa mostraram que a gestão eficiente de um pasto pode compensar as emissões de gás estufa de até dois animais, enquanto os sistemas com presença de árvores equivalem à redução de cerca de dez animais.
Adotar políticas públicas de financiamento de tecnologias e sistemas de produção nas propriedades rurais promove uma agropecuária mais adaptada às mudanças climáticas, o que ameniza o lançamento de gases de efeito estufa. Apenas durante o período de julho a dezembro de 2020, estas políticas ampliaram a área agrícola do país com tecnologias sustentáveis em mais de 750 mil hectares, o equivalente a cinco vezes a área da cidade de São Paulo.
Os três sistemas estudados demonstraram efeitos positivos entre os componentes do agroecossistema, contemplando a adequação ambiental e a viabilidade econômica das tecnologias, ao tempo em que permite a pastagem, quando manejada corretamente, tornar-se mais produtiva, resultando em maior ganho de peso animal e maior precocidade sexual de novilhas.
O sistema de produção de leite, por exemplo, com o ILPF, promove uma intensificação da ciclagem de nutrientes, aumentando o bem-estar animal, ao dar a eles maior conforto térmico, além de diminuir a ocorrência de doenças e plantas daninhas, e reduzir o uso de agroquímicos no controle de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas.
O sistema de produção de leite, por exemplo, com o ILPF, promove uma intensificação da ciclagem de nutrientes, aumentando o bem-estar animal, ao dar a eles maior conforto térmico, além de diminuir a ocorrência de doenças e plantas daninhas, e reduzir o uso de agroquímicos no controle de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas.
Diante do desafio de cumprir o compromisso assumido frente à Organização das Nações Unidas (ONU), no qual o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases estufa em 37% até o ano de 2025 e 50% até 2030, em comparação ao ano de 2005, mantendo as medidas necessárias para assegurar a neutralidade climática até o ano de 2050, as tecnologias que envolvem o setor pecuarista são as que trazem maior impulsionamento para o cumprimento dessas metas. No caso da pecuária, o problema de maior impacto sobre o aquecimento global está no desmatamento de florestas para uso da área em lavouras e pastos, seguido pela emissão de metano pelos bovinos durante a digestão dos animais, devido a fermentação gástrica dos alimentos.
Sucesso no segmento agropecuário familiar, +Pecuária Brasil reforça víés de sustentabilidade dos projetos da CONAFER
A Confederação disponibiliza aos seus associados um leque de programas que possuem como base os sistemas de ILPF, priorizando o uso sustentável da biodiversidade e dos recursos hídricos disponíveis nos biomas onde se encontram as propriedades rurais. O objetivo dos projetos é promover um processo interativo de aumento da produtividade em uma mesma área, mas sem esgotar os recursos naturais, como a água, por exemplo.
Projetos como a Estação Empreendedora Rural Agroecológica (ERA), o CONAFER nas Aldeias, o ELAS e o REPLANTAR, atuam com sistemas agroflorestais, viabilizando a diversidade de culturas, a implantação dos módulos de produção, o manejo do pasto para o gado, além da correta condução das SAFs, os Sistemas Agroflorestais. Esta combinação garante aos produtores mais vantagens, com a comercialização de grãos, fibras, madeira, carne, leite e agroenergia produzidos em uma mesma área, além de potencializar os ganhos genéticos dos animais resultantes do +Pecuária Brasil.
Mais do sistema ILPF, Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta
As pesquisas apontam para o retorno rápido do investimento feito pelo produtor rural em sistemas ILPF, apesar de demandarem mais mão de obra e trazerem um aumento no custo de manutenção, o investimento é compensado pelo aumento da produtividade, de modo que eles representam uma alternativa para avanços em áreas de pastagem tradicionais já degradadas. Para o incremento dessas áreas com a inserção do componente arbóreo, são levadas em consideração características como: a necessidade da árvore realizar a fixação biológica de nitrogênio; o porte das árvores mais adequado em pastagens; a forma e densidade da copa, a regeneração e tolerância ao fogo; a qualidade do tronco; se a espécie apresenta raízes superficiais sob a copa; o potencial forrageiro e tóxico dos frutos e a velocidade de crescimento.
Entre os produtores rurais do financiamento do programa ABC (Programa ABC é a linha de crédito do Plano ABC, Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) destaca-se o pedido para recuperação de pastagens degradadas cuja subvenção, para este fim, apresentou um crescimento de 534% no ano de 2021, chegando a impactar uma área de 13 mil hectares. Em segundo lugar nesta busca está o plantio direto, com avanço de 307,9 mil hectares, e o ILPF e Sistemas Agroflorestais (SAFs), com 47,2 mil hectares. Os produtores também podem acessar as linhas de crédito ABC para adequar suas propriedades ao Código Florestal, recuperando áreas de reserva legal e preservação permanente, conciliando preservação e manejo florestal sustentável.
Certificação de produtos da pecuária sustentável
Estimular políticas de redução da emissão de gás estufa, por meio da certificação e emissão de selos também é importante. Recentemente, a Embrapa apresentou o programa Carne Carbono Neutro (CCN), lançado em 2020, que sugere protocolos a serem adotados pelo produtor para o monitoramento pela certificadora, de modo que a sua simples adoção supra os custos com a certificação, gerando a valorização do produto e o pagamento de um bônus pela carne produzida com esses critérios.
De acordo com o CCN, ser carbono neutro significa reduzir os gases estufa onde for possível e balancear o restante das emissões por meio da compensação, que pode ser feita pela compra de créditos de carbono ou recuperação de florestas em áreas degradadas. O objetivo do programa é atestar, mediante um protocolo parametrizável e auditável, que a produção de carne bovina em sistemas ILPF proporciona a neutralização das emissões de metano, e validar o protocolo de produção de carne com neutralização de gases estufa, incorporando diretrizes para o adequado manejo da pastagem e produção de carne de qualidade a cultura dos produtores.
Mais informações sobre o +Pecuária Brasil: coor.maispecuaria@conafer.org.br – (61) 98194-0084.
Com informações do Mapa, Embrapa e +Pecuária Brasil.