O Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, fez uma nova projeção do valor do PIB agropecuário deste ano, de 2,2% para 2,6%, puxado pela previsão de crescimento de 2,7% para a produção vegetal e 2,5% para a produção animal em relação a 2020; a seca e a crise hídrica podem afetar o resultado final, o que pode provocar incerteza na oferta e demanda dos setores vegetal e pecuário, variáveis econômicas determinantes na comercialização da produção
O PIB do setor agropecuário brasileiro é a soma da produção, comercialização para o mercado interno e exportação para países do mundo inteiro. Este valor chega a 30% do PIB do país, algo em torno de 2,5 trilhões de reais, ou 500 bilhões de dólares. O segmento agrofamiliar responde por 30% de todo o setor agropecuário, algo em torno de 150 bilhões de dólares, ou 10% do PIB nacional.
Responsáveis pela segurança alimentar do país, os agricultores familiares estão espallhados por todos os biomas, e com uma força de trabalho de 40 milhões de produtores rurais, absorvem 40% da população economicamente ativa, produzindo 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo do Brasil. Isto para falarmos das culturas que mais pesam nestas projeções de crescimento do PIB agropecuário.
Por constituir a base econômica de 90% dos municípios brasileiros, será muito importante que o setor agrofamiliar encontre soluções para os riscos que uma crise hídrica pode provocar, pois ela pode prejudicar mais do que o previsto a produção vegetal, e segmento da pecuária de bovinos, que ainda tem incertezas relativas à oferta e à demanda.
As projeções do Ipea para o desempenho das culturas
Na produção vegetal, para o qual se projeta crescimento de 2,7% no ano, a queda esperada da produção de importantes culturas, como o café (-21,0%), algodão (-19,7%), milho (-3,9%) e cana de açúcar (-3,1%), não é suficiente para comprometer o bom desempenho geral da agricultura sustentada nas altas da produção de soja (9,4%), do arroz (2,8%) e do trigo (27,9%).
Na produção animal, para a qual se espera alta de 2,5% no ano, há projeção de crescimento da produção de todos os segmentos: bovinos (0,9%), suínos (6,8%), aves (6,5%), leite (3,2%) e ovos (2,3%). Apesar de positivo, o desempenho da carne bovina ficou aquém do esperado, porém compensado pela forte alta de suínos e aves.
“A produção de suínos e frangos foi impulsionada pelo aumento do consumo em substituição ao da carne bovina, que permanece com preço elevado e oferta limitada de animais para abate”, explicou Pedro Garcia, um dos autores do estudo e pesquisador associado do Ipea.
O levantamento trata ainda dos principais riscos relacionados ao setor. No caso da produção vegetal, a ocorrência de choques climáticos adversos no Centro-Sul e a possibilidade de adoção de medidas restritivas ao uso da água para a lavoura – em função da necessidade de poupar o recurso para a geração de energia hidroelétrica – pode afetar negativamente as estimativas para alguns produtos. No que diz respeito à produção animal, o risco continua sendo uma possível frustração na projeção de crescimento da produção de bovinos, que pode ser impactada por uma recuperação na oferta de animais mais lenta do que o projetado.
O levantamento foi realizado com base nas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e em projeções próprias para a pecuária a partir de dados das Pesquisas Trimestrais do Abate, Produção de Ovos de Galinha e Leite.
Sobre o Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, é uma fundação pública federal vinculada ao Ministério da Economia. Suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros.
Com informações do Ipea, Embrapa e IBGE.