FONTE: Canal Rural
Mesmo em um ano de colheita menor, o setor defende a importância da cultura para a renda; Emater acredita que a semente tem potencial de mercado
A agricultora Marley Zambelli cultiva milho e cria pequenos animais como porcos e galinhas durante o ano, mas chegado o inverno, ela se dedica totalmente à colheita e ao beneficiamento do pinhão. Essa realidade é compartilhada por muitos produtores dos Campos de Cima da Serra, região gaúcha tomada por araucárias.
O Rio Grande do Sul deve colher 400 toneladas de pinhão neste ano, 50% menos do que em 2018, aponta levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Segundo a entidade, a produção da semente caiu por causa da distribuição pluviométrica. Houve excesso de chuva, estiagem e geadas fora de época.
A colheita do município de São Francisco de Paula, que conta com a maior área de araucárias do estado, deve ser 60% menor, somando apenas 60 toneladas — foram 150 toneladas no ano passado. “Este ano a produção foi baixa, mas nos outros anos, quando a safra é maior, dá uma renda boa. A gente defende o ano com a colheita do pinhão”, conta a agricultora.
Marley aguarda a liberação de quase R$ 40 mil do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper) para investir em uma agroindústria. Com a liberação do dinheiro e a compra dos equipamentos, parte do beneficiamento passará a ser feito de forma mecanizada. Ela vende o pinhão in natura e também produz bolos, paçoca, farinha, pastéis, croquetes.
O ponto alto da comercialização é a Festa do Pinhão de São Francisco de Paula, organizada pela prefeitura. Este ano, a festa aconteceu entre 7 e 9 de junho e recebeu em torno de 20 mil visitantes. Foram distribuídas gratuitamente 2,5 toneladas de pinhão durante o evento. A comercialização da agricultura familiar chegou a R$ 25 mil.
O produtor Claiton Boff, do distrito de Samambaia, diz que o pinhão é uma das principais fontes de renda do inverno. “Hoje o quilo custa R$ 10, e qualquer punhado de pinhão dá um quilo”, conta. No comércio, o valor pago varia entre R$ 10 e R$ 12 o quilo. Para o extrativista, o preço pago pelo quilo varia entre R$ 7 e R$ 9.
Apenas 95 famílias das 1.050 envolvidas com agricultura familiar em São Francisco de Paula utilizam a semente do pinhão como fonte de renda. Para a extensionista rural social da Emater Sandra de Moraes Silva esse número poderia ser maior. “Conforme o produto vai se valorizando no mercado, o interesse e o envolvimento vão aumentar. Aconteceu assim também com o queijo serrano”, avalia. Segundo Sandra, o pinhão é matéria-prima para uma série de produtos, como leite de pinhão e farinhas.