da Redação
É da soma dos cuidados de cada um que vamos proteger o símbolo da vida na terra. Todos os dias acabamos destruindo muitas árvores com nossas ações civilizatórias. Um exemplo: uma família que consome 400 watts de energia elétrica por mês, locomove-se de carro diariamente por 20 km e produz 800 g de lixo por dia, precisa plantar anualmente 12 árvores para equilibrar estas ações poluidoras. Quem de nós está fazendo a sua parte? Governos, organizações civis e os cidadãos, todos precisam fazer sua parte. Em tempos de não ao marco temporal, de recordes de queimadas e das exportações ilegais de árvores, esta necessidade de cuidar é ainda mais dramática. A cada dia, menos árvores existem para sequestrar o carbono e devolver o oxigênio para a natureza. E só existe um jeito de mudar isso: integrando-se com o meio ambiente, respeitando os ecossistemas e preservando nossas florestas. Exatamente como fazem nossos povos indígenas há milhares de anos
O poeta Haroldo de Campos escreveu um dia: “A natureza é sábia e justa. O vento sacode as árvores, move os galhos, para que todas as folhas tenham o seu momento de ver o sol”. A inteligência de uma árvore vai muito mais do que imaginamos. Quando suas folhas estão secas, é porque a árvore fez migrar a água para o seu caule lenhoso e suas raízes. Assim ela não morre, e quando chover novamente, poderá ter suas folhas irrigadas e verdejantes. É assim que elas sobrevivem em pleno cerrado, ou na caatinga.
Em média, uma árvore gera 117 kg de oxigênio anualmente. Duas árvores maduras geram oxigênio para uma família de 4 membros por 1 ano. Assim, o carbono estocado por árvore resulta em aproximadamente 130 kg CO2-eq para as árvores na Mata Atlântica e 222 kg CO2-eq para as árvores da Floresta Amazônica. O CO2 equivalente (CO2-eq), ou dióxido de carbono equivalente, é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas de gases de efeito estufa pelo seu potencial de aquecimento global. Por exemplo, o potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior do que o potencial do gás carbônico (CO2).
A cada 7 árvores, é possível sequestrar 1 tonelada de carbono nos seus primeiros 20 anos de idade. Com base nesta média é determinada a quantidade de árvores que serão necessárias para neutralizar as emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE). A produção de oxigênio por meio do processo de fotossíntese faz aumentar a umidade do ar graças à transpiração das folhas. As árvores evitam erosões, reduzem a temperatura e fornecem sombra e abrigo, contribuindo para a biodiversidade e para a redução da poluição do ar. As suas flores e frutos servem para alimentação humana e produção de remédios. E suas estruturas de caules, galhos e folhas são as casas de milhares de espécies de animais.
Não ao desmatamento e não às queimadas!
A expansão urbana e a falta de proteção em áreas rurais, faz com que as árvores sejam constantemente exterminadas, o que resulta em grandes áreas desmatadas, seja por meio do corte ou das queimadas. O desmatamento e as queimadas afetam diretamente a vida de toda a população, que passa a enfrentar erosões, assoreamento de rios, redução do regime de chuvas e da umidade relativa do ar, desertificação e perda de biodiversidade.
Esse dia é muito mais do que o ato simbólico de plantar uma árvore, portanto deve ser encarado como um momento de mudança de atitude e conscientização de que nossos atos afetam as gerações futuras. É importante também haver conscientização a respeito da importância política de se colocar o meio ambiente como prioridade, e assim desenvolver ações de Estado para combater a exploração ilegal e proteger nossas matas, florestas e bosques urbanos.
As árvores-símbolo de cada região do país
Castanheira, a árvore-símbolo da região Norte.
A castanheira-do-Brasil (Bertholletia excelsa), também conhecida como castanheira-do-Pará, é uma árvore alta e bela, nativa da Amazônia. Ela pode ser encontrada em florestas às margens de grandes rios, como o Amazonas, o Negro, o Orinoco e o Araguaia, mas está ameaçada de extinção. Apesar de estar presente em todos os nove países amazônicos (Brasil, Peru, Colômbia, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa), atualmente só é abundante na Bolívia e no Suriname.
A castanheira é considerada vulnerável pela União Mundial para a Natureza (IUCN) e, no Brasil, aparece na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente. A principal causa para o risco de extinção é o desmatamento. No Brasil, castanhais são derrubados para a construção de estradas e barragens, para assentamentos de reforma agrária e para a criação de gado.
Normalmente atingem entre 30m e 50m de altura e de 1m a 2m de diâmetro, seu tronco é reto e os galhos se concentram na parte mais alta da árvore. A casca é acinzentada, e as folhas, que ficam acima da copa das outras árvores, têm de 20cm a 35cm de comprimento. O fruto da castanha leva mais de um ano para amadurecer, é mais ou menos do tamanho de um coco e pode pesar 2kg. A casca é muito dura e abriga entre 8 e 24 sementes, que são as apreciadas castanhas.
Carnaúba, a árvore símbolo da região Nordeste.
A carnaúba (nome científico Copernicia prunifera) é a palmeira sertaneja do Nordeste. Seu nome é derivado do tupi e significa árvore que arranha, por conta da camada de espinhos que cobre a parte inferior do caule. A planta nasce em solos arenosos, alagadiços, várzeas ou margens dos rios. O tom das folhas é verde, levemente azulado, em virtude da cobertura de cera. Estudos indicam que a cera natural é uma proteção da carnaúba para evitar a perda de água e, assim, adaptar-se bem as regiões secas, como a Caatinga.
A carnaúba chega a alcançar até 15 metros de altura. Seu caule reto e cilíndrico tem um diâmetro que varia de 10 a 20 centímetros. A árvore dá frutos no período que vai de novembro a março. São esverdeados quando jovens e ficam roxos quando amadurecem. Seus frutos são bem aproveitados para alimentar animais de criação. Já a polpa serve para a produção de farinha e extração de um líquido leitoso. A sua amêndoa também é usada em substituição ao pó de café. Para isso, basta ser torrada e moída. As folhas servem para fazer telhados de casas e as fibras viram sacos, cestos, redes.
Ipê-amarelo, a árvore símbolo da região Centro-Oeste.
O ipê-amarelo é encontrado em todas as regiões do Brasil e sempre chamou a atenção de naturalistas, poetas, escritores e até de políticos. Em 1961, o então presidente Jânio Quadros declarou o ipê-amarelo, da espécie Tabebuia vellosoi, como a Flor Nacional. Desde então o ipê-amarelo é a flor símbolo de nosso país.
As árvores denominadas ipê, são na verdade, várias espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas ou roxas. Não há região do país onde não exista pelo menos uma espécie dele. As variedades de pequeno e médio porte são ideais para o paisagismo e a arborização urbana. A coloração das flores produz um belíssimo efeito tanto na copa da árvore como no chão das ruas, formando um tapete de flores contrastantes com o cinza das cidades.
Conhecidos pela sua resistência e durabilidade de sua madeira, os ipês foram muito usados na construção de telhados de igrejas dos séculos XVII e XVIII, que, se não fosse pelos ipês, muitas dessas construções teriam se perdido com o tempo. Sendo uma espécie caducifólia, o período da queda das folhas coincide com a floração que se inicia no final do inverno. Quanto mais frio e seco for o inverno, maior será a intensidade da florada do ipê amarelo. As flores desta espécie atraem abelhas e pássaros, principalmente beija-flores que são importantes agentes polinizadores.
Pau-brasil, a árvore símbolo da região Sudeste.
A árvore Pau-Brasil cujo nome científico é Caesalpinia echinata, é uma espécie nativa das florestas tropicais brasileiras, presente no bioma da Mata Atlântica, se estendendo desde o litoral do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro. Também é conhecido por outros nomes populares como: ibirapitanga, paubrasilia, orabutã, brasileto, ibirapiranga, ibirapita, muirapiranga, pau-rosado, pau-de-pernambuco.
A espécie foi a primeira madeira a ser considerada de lei no Brasil como uma tentativa de impedir que ela fosse contrabandeada por navios espanhóis, franceses e ingleses que aportavam na costa do país durante o período de colonização. Era muito utilizado na fabricação de móveis, violinos, construção civil e naval, pelo seu aspecto ser bem duro e resistente, e de possuir uma coloração avermelhada, que chamava muito a atenção dos europeus fazendo com que possuísse alto valor de mercado.
O corante avermelhado era extraído no interior do tronco da árvore para o uso de tintura de roupas e acessórios da nobreza da época da exploração. Essa tintura era semelhante a um produto encontrado apenas na Ásia Oriental na época das navegações. Com isso, a exploração foi muito intensa, gerando muita riqueza ao reino, o que caracterizou um período econômico da história do país, influenciando a adoção do nome “Brasil” e a nomeação de “árvore símbolo” dos brasileiros.
No passado, algumas espécies alcançaram até 30 metros de altura, mas atualmente, as árvores remanescentes podem ser encontradas com 8 até 12 metros de altura, com tronco de 40 a 70 centímetros de diâmetro que possui uma casca escamosa e por baixo uma cor alaranjada, suas flores são amarelas, mas essa não é sua principal característica. Sua madeira é muito pesada, dura, compacta e muito resistente ao ataque de fungos e insetos. Em 2004 essa espécie entrou oficialmente na lista de árvores ameaçadas de extinção. Hoje, o pau-brasil encontra-se protegido por lei e não pode ser cortado para fins de florestas comerciais.
Araucária, a árvore símbolo da região Sul.
A araucária (Araucaria angustifolia) é uma espécie arbórea de gimnosperma pertencente à família Araucariaceae que é encontrada na região Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) do Brasil. Apresenta outros nomes populares, sendo conhecida também como pinheiro-do-paraná, curi, pinheiro-brasileiro e pinho-do-paraná.
A Araucária pode atingir uma altura de até 50 metros e, quando adulta, apresenta uma copa que possui formato semelhante a uma taça. Seu tronco é reto e com ramificações apenas na região do topo. As folhas do tipo agulha (acículas) apresentam coloração verde-escura e não caem durante o inverno. Além disso, essa espécie detém cones, que são espécies de flores dessas plantas. O cone feminino recebe o nome de pinha, que é onde se desenvolvem as sementes.
Essa espécie vive cerca de 200 anos, sendo que a produção de sementes inicia-se após o vigésimo ano em habitat natural. Essa árvore nativa do Brasil foi, por muitos anos, alvo da exploração indiscriminada e, por isso, hoje é considerada uma espécie ameaçada de extinção. A planta pode ser usada para variados fins, incluindo-se o artesanato e o uso medicinal. A semente, também conhecida por pinhão, é uma rica reserva energética, constituída principalmente por amido, proteínas e lipídios. Ela é muito usada na alimentação, tanto de homens quanto de alguns animais silvestres e domésticos, como porcos. Além disso, ela é usada tradicionalmente no combate à azia e anemia. As folhas e a casca também são utilizadas na medicina popular.
Em todo o mundo, assim como no Brasil, a chegada da primavera nos traz esperança. É nesse período em que a natureza troca suas cores, quando passa a predominar o verde vivo das folhas e os variados coloridos das flores. Com entidade defensora da sustentabilidade, a CONAFER reforça a importância da conscientização para proteger cada árvore em toda a sua biodiversidade, o que é decisivo para que as próximas gerações possam herdar um planeta preservado e em equilíbrio.