Por Fernanda Rettore
O debate sobre as mudanças climáticas, alcançou seu auge nas últimas semanas durante a realização da COP28 em Dubai. Em meio a esse cenário, representantes de diversos países e setores se reuniram para discutir medidas que visavam a redução da emissão do carbono e encontraram nas energias renováveis a melhor alternativa para mitigar os impactos ambientais.
Nesse contexto, o Brasil e outros 117 países assumiram o acordo de triplicar sua capacidade para energias limpas até 2030. Contudo, o país também anunciou sua entrada na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+). Especialistas argumentaram que a decisão contraria as iniciativas da transição energética, mas o governo brasileiro afirmou que continuará a incentivar o uso das energias renováveis e disponibilizou 10% dos investimentos da Petrobras para tal compromisso.
Outra questão envolvendo nosso país, surgiu quando o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, manifestou sua oposição à exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas. Discussão que também persiste no Senado brasileiro, atualmente dividido entre aqueles que veem na exploração uma medida socioeconômica positiva e os que temem os potenciais danos que um derramamento de petróleo na região poderia causar.
Diante desse cenário, surge o questionamento central: em meio à ascensão das energias renováveis, ainda é coerente investir na exploração de petróleo?
Números da Agência Internacional de Energia (AIE), revelam que a demanda mensal por petróleo permanece alta, com uma média de consumo de 100,8 milhões de barris por dia nos primeiros quatro meses de 2023. Em contraste, os relatórios da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) indicam um crescimento exponencial na capacidade de fornecimento da energia limpa, que alcançou 3372 Gigawatts no final de 2022 — um aumento recorde de 295 GW (9,6%).
Apesar do notável avanço das energias renováveis, a dependência da nossa sociedade em relação ao petróleo vai além de sua função como combustível. O óleo é a matéria-prima de uma variedade de produtos do nosso cotidiano, destacando-se o plástico, que é amplamente utilizado na produção de embalagens, eletrônicos, artigos médicos (como luvas, cateteres e seringas) e estéticos (como esmaltes e batons). Essa versatilidade do petróleo demonstra a complexidade inerente ao seu abandono.
Em síntese, os discursos proferidos pelas lideranças mundiais durante a COP28 destacaram o interesse na transição energética, ao mesmo tempo em que a entrada do Brasil na OPEP+ reconheceu a relevância contínua do petróleo no cenário atual. Essa dualidade ressalta que a busca por um futuro sustentável não se limita apenas à diversificação das fontes energéticas, mas engloba também a exploração de alternativas na produção de bens essenciais dos quais o petróleo é a matéria-prima.
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