Por Fernanda Rettore
Em um mundo com 8 bilhões de pessoas, as crescentes demandas por recursos levantam sérias preocupações sobre a capacidade de suprir as necessidades da humanidade em expansão. Projeções indicam que atingiremos 8,6 bilhões de habitantes até 2030, 9 bilhões até 2037, 9,8 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões até 2100. Essa perspectiva aumenta a pressão sobre a produção e distribuição de alimentos em todo o mundo, e intensifica a busca por práticas agrícolas mais responsáveis e sustentáveis.
No cerne desse desafio global, a agricultura emerge como uma das peças principais, que precisa se adaptar e implementar, ao mesmo tempo, práticas mais eficientes e responsáveis. Dentro desse movimento, a sustentabilidade nos sistemas de agricultura assume um papel crucial e os bioativos, compostos encontrados em plantas e microrganismos, ganham destaque.
Os bioativos podem ser as plantas propriamente ditas, ou seja, plantar uma espécie que possui alguma ação sobre outros seres vivos e cujo efeito pode se manifestar pela sua presença em um ambiente ou pode vir a ser substâncias delas extraídas e aplicadas diretamente no ecossistema em questão, desde que mediante uma intenção ou consciência humana deste efeito.
Essas plantas ou substâncias naturais desempenham diversas funções e atuam sinergicamente. Sua utilização adequada não apenas fortalece a resistência das culturas a pragas, mas também reduz a dependência de fertilizantes químicos e pesticidas, minimizando assim os impactos ambientais associados a esses insumos e melhorando a qualidade do solo. Além disso, os bioativos oferecem benefícios notáveis na redução de custos e desperdícios, o que aumenta a eficiência nos processos produtivos.
No contexto específico da agricultura familiar, os benefícios dos bioativos são ainda mais relevantes. Operando em escalas menores e com recursos limitados, os agricultores familiares podem facilmente integrar os bioativos aos seus sistemas de produção existentes, requerendo investimentos relativamente baixos em comparação com tecnologias mais complexas. Além de fortalecer a resiliência das culturas, os bioativos ajudam os agricultores familiares a enfrentar desafios climáticos adversos, minimizando as perdas de colheitas e contribuindo para a estabilidade econômica desses produtores, frequentemente suscetíveis a flutuações no mercado.
A intensificação da sustentabilidade nos sistemas de produção agrícola é uma necessidade urgente diante do crescimento populacional. Os bioativos emergem como ferramentas capazes de promover saúde do solo, fortalecer a resistência das culturas e reduzir a dependência de insumos químicos. Ao adotar essas práticas, os agricultores contribuem para um futuro mais equitativo, resiliente e sustentável. O investimento em bioativos é, assim, um passo crucial em direção a uma coexistência harmoniosa entre a produção alimentar e a preservação ambiental.
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