Os agricultores devem se planejar para uma mudança do clima a partir de agora. Isto porque os centros meteorológicos mundiais indicam que haverá uma transição do fenômeno El Niño para o La Niña entre julho e setembro deste ano. Esta previsão já ocorreu no primeiro trimestre de 2024, conforme divulgado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden). O órgão informou que não é possível ter certezas sobre a evolução, a intensidade ou o padrão de abrangência das anomalias de temperatura da superfície do mar do evento, mas pode-se afirmar que o fenômeno interfere no padrão de chuvas e de temperaturas em várias partes do planeta. Conforme informou o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC/NCEP), há 66% do La Niña ocorrer neste segundo semestre, já a partir de setembro com a chegada da primavera

O Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden) já havia emitido um alerta técnico no primeiro semestre de 2024 sobre a possível ocorrência do fenômeno climático La Niña, que pode trazer impactos significativos para diferentes regiões do Brasil. Ainda que não fosse possível prever com exatidão as regiões que seriam mais afetadas, a tendência histórica indicava que áreas como o Sul do Brasil poderiam sofrer com a redução das chuvas e um aumento do risco de secas.

Impactos Climáticos do La Niña. Reprodução/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Agora, o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC/NCEP), confirma que há 66% do La Niña ocorrer neste segundo semestre, já a partir de setembro com a chegada da primavera. O La Niña é caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do oceano Pacífico Tropical, e conhecido por causar chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e abaixo da média no Sul e Centro-Oeste. Segundo Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden, o fenômeno começou a se desenvolver no segundo semestre de 2024, o que reforçou as preocupações com a possibilidade de seca no Sul, que já vinha enfrentando um período de estiagem prolongada antes do recente episódio de El Niño.

No entanto, Seluchi ressalta que cada episódio de La Niña é único, o que dificulta previsões precisas sobre seus impactos. “Ainda é difícil saber com precisão quais serão os efeitos na temperatura e nas chuvas, porque isso vai depender de fatores como a localização das maiores anomalias de temperatura no Pacífico e a configuração do Atlântico”, explica.

Nível do rio Paraguai na localidade de Porto Murtinho está abaixo da média para a época. Foto de Arquivo (2022): Edemir Rodrigues / Agência de notícias Governo do Mato Grosso do Sul

Um dos focos de maior preocupação é o Pantanal, que já apresentava uma situação de seca extrema ao final da estação chuvosa de 2024. Com a expectativa de continuidade da seca devido ao La Niña, o coordenador do Cemaden alerta para a necessidade de ações preventivas, especialmente para combater o risco de incêndios na região. “Espera-se uma degradação ainda maior da vegetação e um risco elevado de incêndios no período final da estação seca”, afirma.

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Além dos impactos ambientais, o La Niña pode trazer consequências sociais e econômicas, como episódios de frio intenso, que afetam tanto a saúde pública quanto a agricultura. “As geadas tardias são uma ameaça para culturas que estão na fase de crescimento, o que pode comprometer a produção agrícola”, alerta Seluchi.

Excesso de chuvas no Nordeste pode afetar o plantio das safras de verão 

Com base nas projeções e nas incertezas que cercam o fenômeno, o Cemaden continuará monitorando a situação e avaliando periodicamente os dados para fornecer atualizações e orientações às autoridades e à população. O alerta emitido no início do ano sublinhou a importância de ações preparatórias e estruturais para mitigar os possíveis efeitos do La Niña, principalmente nas áreas mais vulneráveis, como o Pantanal.

Veja abaixo a Nota Técnica do CEMADEM nº 105/2024

https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/noticias-cemaden/fenomeno-la-nina-deve-substituir-el-nino-no-segundo-semestre-de-2024/NotaTcnicaN105.2024.SEI.CEMADENLaNia.pdf/view

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