FONTE: G1
Segundo enfermeira, pesquisa e viagens para os municípios norte-mineiros começaram a ser feitas em outubro de 2018; homens, mulheres e idosos são beneficiados com o programa.
O projeto acadêmico “Situação de saúde e trabalho de famílias quilombolas rurais” realiza pesquisas para avaliação da saúde e forma de trabalhado de moradores em 30 comunidades quilombolas do Norte de Minas, até setembro de 2019. A pesquisa coleta dados das pessoas que vivem nas regiões, muitas vezes situadas em locais de difícil acesso, impossibilitando atendimentos, consultas e tratamentos de saúde. O projeto é desenvolvido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em parceria com mestrandos e doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.
O público de 1.544 atendidos será divido em homens e mulheres, 50% para cada sexo. Os serviços oferecidos para o público masculino incluem exames para prevenção do câncer de próstata, alcoolismo e avaliação das condições de trabalho. Para as mulheres, serão coletados dados de acesso à exames como mamografia, pré-natal e puerpério.
Segundo uma das coordenadoras do projeto, a enfermeira e doutoranda Pâmela Scarlatt Durães Oliveira, cerca de 60% do público já foi atendido; aproximadamente 750 quilombolas são acompanhados em 17 municípios da região do Norte de Minas. A intenção é gerar diagnóstico de saúde da comunidade.
“O intuito do projeto é dar voz às pessoas que precisam de saúde e que, infelizmente, não foram representadas ainda pela ciência, é uma questão de representatividade coletar os dados dos quilombolas do Norte de Minas. Vamos elaborar um documento oficial para mostrar aos detentores do poder para que possam ajudá-los”, explica.
Além da Pâmela, que trabalha na área de saúde da mulher, mais seis profissionais da odontologia e enfermagem participam do projeto, cada um focado em uma especialidade diferente. O tratamento odontológico é oferecido exclusivamente para os idosos quilombolas, para o público geral é realizado aferição de pressão, glicemia, peso, altura e IMC.
Os resultados, por enquanto, mostram uma falta de acessibilidade dos povos quilombolas aos atendimento básicos de saúde. “Na saúde da mulher, por exemplo, percebemos a questão que a grande maioria do público feminino não consegue ter acesso aos exames básicos como mamografia, pré-natal. As que conseguem não retornam para as consultas necessárias”, conta Pâmela.
Cidades beneficiadas
Os municípios beneficiado são Bocaiúva, Coração de Jesus, Francisco Sá, Indaiabira, Jaíba, Janaúba, Januária, Luislândia, Manga, Monte Azul, Montes Claros, Pai Pedro, Porteirinha, São Francisco, São João da Ponte, Serranópolis e Ubaí.
O projeto acontece desde 2017, quando começou a ser escrito e executado para ser encaminhado para aprovação do comitê de ética. Em outubro de 2018 começaram as viagens do grupo para as regiões quilombolas norte-mineiras. A expectativa é que os organizadores da pesquisa consigam coletar os dados e prestar consultas até o começo do mês de setembro deste ano.
Após a conclusão da pesquisa científica, os documentos serão enviados às Secretarias de Saúde Municipais e Estaduais, Ministério da Saúde e representantes da comunidade, que ajudam na mediação entre moradores e profissionais. O grupo busca um reconhecimento e olhar para com os povos quilombolas do Norte de Minas.