O Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) traz sempre um balanço dos preços do mercado hortifruti nacional. Sua divulgação é uma referência dos maiores e menores volumes de safra, e como eles influenciam nos valores finais dos produtos no mercado atacadista. No 2º Boletim Prohort de 2024, o preço da cenoura teve aumento superior a 90% na média ponderada do último mês. Este é só um exemplo. As chuvas registradas em janeiro em importantes regiões produtoras, prejudicaram a colheita, reduzindo os volumes de hortaliças, frutas e verduras nas principais Centrais de Abastecimento (Ceasas) do país. Confira na matéria publicada pela Conab a situação do mercado de hortifrutis neste mês de fevereiro
De acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços do produto no atacado mais que dobraram nas Ceasas de Goiânia, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A menor elevação foi registrada em Brasília, onde foi verificado um aumento de 38,89%. Com isso, o percentual de alta da média ponderada da cenoura ficou em 96,91%, como mostra o 2º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) divulgado nesta última quinta-feira (22).
Os preços de alguns produtos no atacado mais que dobraram, como na Ceasa de Belo Horizonte
“A menor oferta registrada no mercado atacadista influenciou diretamente nos preços da cenoura. Depois de ter atingido os maiores volumes de comercialização nos últimos três meses do ano passado, em janeiro a movimentação nesses entrepostos apresentou queda de quase 20%, em relação a dezembro de 2023. Minas Gerais, principal abastecedor dos mercados a nível nacional, teve seus envios às Ceasas reduzidos em cerca de 30%. Goiás, outro estado importante na produção de cenoura, também registrou uma redução em torno de 25% no volume enviado”, explica a gerente de Produtos Hortigranjeiros da Conab, Juliana Torres. “O clima desfavorável para a colheita também afetou a produção e os plantios, o que poderá ocasionar novas altas de preço nos meses seguintes”, ressalta.
O percentual de alta da média ponderada da cenoura ficou em 96,91%, como mostra o 2º Boletim Prohort
Alta também para a batata, que na média ponderada subiu 35,25%. De acordo com o Boletim da Conab, o abastecimento do tubérculo está concentrado na safra das águas, que não tem sustentado os níveis de oferta. As chuvas sobre as principais regiões produtoras ocasionaram o atraso do plantio, impactando nos envios aos mercados em janeiro. Já para a alface não foi verificado um movimento uniforme no comportamento dos preços nas Ceasas analisadas. Ainda assim, a média ponderada teve uma leve alta de 6,28%.
Dentre as frutas, a maior elevação nos preços ficou para a banana. Na média ponderada a alta ficou em 13,84%, sendo Brasília e Rio de Janeiro as Ceasas que registraram os maiores acréscimos nos índices percentuais, 33,65% e 26,09% respectivamente. A subida das cotações é explicada, principalmente, pela entressafra da produção da variedade prata na Bahia e no norte de Minas Gerais, principais fornecedores aos mercados atacadistas.
A laranja também ficou mais cara. Os altos preços se deveram à oferta restrita para o varejo e à forte demanda tanto da indústria quanto do atacado
A laranja também ficou mais cara. Os altos preços se deveram à oferta restrita para o varejo e à forte demanda tanto da indústria quanto do atacado. “A procura internacional por suco se mantém aquecida. Além disso, vale lembrar que as três safras anteriores foram menores, o que possibilita que os estoques das frutas permaneçam baixos. Esse cenário contribui para que haja pressão de alta nos preços”, explica Torres. No que tange ao mercado de maçã, ocorreram pequenas elevações na maioria das Ceasas. Esse aumento se justifica por causa da baixa oferta. No entanto, a menor demanda, resistente aos preços elevados já praticados, ajudou a frear a alta.
Preços mais baixos – Em contrapartida aos aumentos verificados, cebola, tomate, mamão e melancia ficaram mais baratos no último mês. Em janeiro, ocorreu a reversão do movimento de alta de preço que vinha se apresentando no mercado de cebola. As chuvas no final de 2023 e início de 2024 na região sul prejudicaram a colheita e a qualidade do bulbo. A qualidade prejudicada pela umidade do produto provoca desvalorização e é fator de contenção dos preços.
Já no caso do tomate, a queda nas cotações é explicada pelo aumento na oferta. Os envios de São Paulo, por exemplo, apresentaram aumento de quase 50%. Mas, esse cenário pode não se repetir em fevereiro. No início deste mês, os preços voltaram a apresentar alta, muito provavelmente pela reduzida disponibilidade de tomate em ponto de colheita.
Também foi verificado um aumento na oferta tanto para o mamão papaya quanto para o formosa, o que influencia nos menores preços praticados. O calor nas principais regiões produtoras acelerou o amadurecimento, e muitas frutas tiveram que ser colhidas muito pequenas. Além da maior quantidade ofertada nos mercados, a demanda foi baixa, outro fator de pressão de queda nas cotações. Já na melancia, a redução nos preços é explicada, principalmente, por causa da menor demanda verificada na região Centro-Sul do país, devido ao tempo mais chuvoso e à menor qualidade de alguns carregamentos de melancia originários de praças gaúchas e paulistas.
Exportações – Em janeiro de 2024, o volume total enviado ao exterior foi de 84 mil toneladas, inferior em 6,75% em relação a janeiro de 2023, e o faturamento foi de U$S 92 milhões, superior 26,73% em relação ao primeiro mês de 2022 e de 4,23% em relação a janeiro de 2023. A expectativa é que em 2024 as exportações se mantenham em bons níveis, com possível aumento do volume exportado. Essa boa perspectiva se deve aos investimentos nas culturas feitos no ano passado, à estabilidade nos custos de produção pós-pandemia, aos problemas climáticos em alguns países, entre outros fatores.
Destaque – Nesta edição, o destaque do Boletim aborda as chuvas intensas do início do ano de 2024 que atingiram diversas Centrais de Abastecimento, em especial, as localizadas nos estados do Sul e Sudeste do país. O intenso trabalho de manutenção realizado pelas diretorias e corpo funcional dos entrepostos, como também, a atenção e apoio imediato para atenuar os efeitos deletérios causados pelas tempestades, fez com que fossem mitigados ou eliminados os problemas operacionais. Também, com relação às precipitações ocorridas nos perímetros produtivos que abastecem os mercados, os núcleos técnicos das Ceasas informam que, a não ser por problemas pontuais em algumas culturas de produtos hortigranjeiros, o abastecimento ocorre dentro do esperado para o período.
Os dados estatísticos da Conab são levantados em dez Centrais de Abastecimento do país. Outras informações sobre os preços das principais frutas e hortaliças comercializadas no setor atacadista podem ser encontradas no boletim publicado na página da Companhia.
Com informações da Conab.