Nesta quinta-feira, dia 12 de dezembro, a equipe da Secretaria Nacional Indígena apoiou a participação de indígenas no Festival de Cinema de Trancoso, Bahia. No evento, houve o lançamento do longa-metragem “Pataxi Imanakã”. O projeto, dedicado ao samba indígena e ao grupo musical Marujos Pataxó da Aldeia Mãe Barra Velha, também foi aprovado no edital Natura Musical, que desde 2005, atua no fomento e valorização da cultura no Brasil, por meio de uso de recursos incentivados. Anualmente, há a seleção de projetos, em parceria com leis de incentivo, por meio de uma ampla curadoria de profissionais do mercado cultural. Neste ano, o longa Pataxi Imanakã recebeu menção honrosa e os indígenas Pataxó que participaram foram homenageados

Entre 8 e 12 de dezembro de 2024, a cidade de Trancoso, na Bahia, se tornou o palco da 7ª edição do Festival Internacional de Cinema de Trancoso, que se estabeleceu como um ponto de encontro para a arte e a sustentabilidade. Os colaboradores da Secretaria Nacional Indígena da CONAFER estiveram presentes no evento gratuito com o tema “Economia Criativa”, que teve uma programação variada, reunindo curtas e longas-metragens nacionais e internacionais, e buscou promover um diálogo entre o cinema e as questões ambientais. 

O festival contou com exibições ao ar livre no Quadrado Histórico de Trancoso, onde filmes foram projetados nas paredes da Igreja São João Batista, criando uma experiência cinematográfica única. Além disso, o público pôde participar de oficinas de artesanato indígena, masterclasses sobre o mercado audiovisual e vivenciar o ritual AWÊ, praticado pelos Pataxós com muito canto, dança, reza e interação entre os membros da comunidade, proporcionando uma imersão na cultura local. 

No dia 12 de dezembro, o evento estreou o documentário “Pataxi Imanakã – Aldeia Mãe, uma história de luta, música e resistência”, que celebrou a cultura Pataxó por meio de sua música, dança e histórias de superação, seguido por um cortejo indígena e o tradicional Samba de Roda Pataxó. Este longa-metragem documental de 90 min, dirigido pela colaboradora da Secretaria Nacional Indígena, Mônica Bello, juntamente com o Theo Bueno, conta a história da aldeia Pataxó Barra Velha no sul da Bahia, reconhecida como a Aldeia Mãe de seu povo e mostra como a música tem papel fundamental no seu processo de resistência e reconstrução cultural.

Direção: Theo Bueno e Mônica Bello

Imagens e Edição: Theo Bueno

Além do apoio do Theo Bueno e da auxiliar administrativa da SNI, Mônica Bello, o trabalho audiovisual recebeu o patrocínio da Natura Musical, Governo do Estado da Bahia, FazCultura, Ministério da Cultura e Ministério da Fazenda. Com um olhar sensível e profundo, o filme conduziu o espectador por uma jornada histórica e cultural, narrada por lideranças e membros da comunidade. Como disse Raoni Pataxó: “A história da Aldeia Mãe é a história do povo Pataxó.” O longa fechou a programação do Festival de Cinema com chave de ouro, celebrando a ancestralidade e a força dessa comunidade.

Imagem: Documentário “Pataxi Imanakã – Aldeia Mãe, uma história de luta, música e resistência (2024)”

Theo Bueno, também diretor do filme, destaca que o documentário retratou uma história marcada tanto pela dor quanto pela vida e esperança. Ele se vê como uma ferramenta desse projeto, pois se dedicou a criar uma obra sensível que, ao mesmo tempo em que abordou o contexto doloroso, o fez com suavidade e empatia. O diretor considera que filmar um documentário sobre indígenas foi um grande desafio, repleto de responsabilidade, e destacou que seu maior esforço foi garantir que a história fosse contada pelas próprias vozes e perspectivas dos indígenas. Segundo ele, o documentário possui uma forma leve, mas seu conteúdo é profundamente poderoso.

Imagem: Documentário “Pataxi Imanakã – Aldeia Mãe, uma história de luta, música e resistência (2024)”

Idealizado por Flávia Barbalho, o Festival de Cinema de Trancoso foi concebido com a proposta de unir arte e impacto social, criando um espaço anual de encontro para cineastas, artistas e entusiastas do cinema. A programação do festival também se dedicou a promover o debate sobre temas como o turismo sustentável, a valorização da diversidade cultural e a utilização do cinema como ferramenta de transformação social. Além disso, o evento destacou a importância de Trancoso como destino turístico e cultural, ao mesmo tempo em que ressaltou o papel do cinema como agente de mudança, especialmente ao dar visibilidade aos relatos e perspectivas indígenas, evidenciando a riqueza de suas culturas e lutas.

Imagem: Documentário “Pataxi Imanakã – Aldeia Mãe, uma história de luta, música e resistência (2024)”

O encerramento do Festival de Cinema de Trancoso foi ainda mais especial com a presença dos Marujos Pataxó, que trouxeram toda a sua energia e tradição ao samba de roda na celebração final, realizada no dia 12 de dezembro, no Quadrado Histórico de Trancoso. A noite, repleta de música, cultura e emoção, foi um marco no coração deste paraíso cinematográfico. Durante a Festa de Encerramento, o Festival prestou uma homenagem especial aos Marujos Pataxó, destacando a importância de sua arte para a valorização das tradições indígenas e reafirmando o compromisso do evento em reconhecer e amplificar vozes essenciais para a cultura brasileira.

O encerramento oficial da 7ª edição do Festival Internacional de Cinema de Trancoso contou com o cortejo de música e dança com o grupo indígena Marujos Pataxó

A Secretaria Nacional Indígena da CONAFER ao participar e apoiar os indígenas em eventos culturais, como esta 7ª edição do Festival Internacional de Cinema de Trancoso, mostra o compromisso da Confederação em promover a cultura dos povos originários na sociedade. A SNI realiza um trabalho permanente de valorização das tradições indígenas, por meio de reportagens escritas e audiovisuais, compartilhadas no site da CONAFER e no YouTube TV CONAFER, além de apoiar a realização de cursos de tranças e panificação nas aldeias. 

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