A agricultura familiar é o motor do nosso campo, assegurando a produção de alimentos para 212 milhões de brasileiros e ocupando 77% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil. Este número representa 23% do total das propriedades agropecuárias do país, o que dá 80,9 milhões de hectares. São 10 milhões de pessoas, 67% da força de trabalho da agricultura. No entanto, a realidade de uma parcela significativa destes trabalhadores torna-se a cada dia mais desafiadora. Principalmente, quando falamos em precarização do trabalho no meio rural, do seu avanço que há muito tempo ameaça a segurança econômica e o bem-estar dos trabalhadores. Não à toa, na década passada, 2 milhões de pequenos produtores deixaram a atividade. Mesmo assim, o mais incrível é que se todos os agricultores familiares do Brasil formassem um país, este seria o 8º maior produtor de alimentos do mundo. A força destes homens e mulheres é um exemplo para o mundo na produção de riqueza e na geração de prosperidade, porém é necessária uma mudança de cultura no campo, capaz de valorizar ainda mais a atividade e os seus protagonistas

Por João Barros

Quando falamos em precarização do trabalho, podemos substituir este substantivo feminino pela palavra desvalorização. Estamos falando de um grupo de agricultores na atividade sem tecnologia, em sua maioria sem um título da terra, dependente dos movimentos sociais ou das colheitas e safras das grandes propriedades para aumentar a renda da família. 

Sem tecnologia, todo trabalho torna-se precário

A informalidade que permeia a rotina de muitos destes agricultores está presente nas atividades paralelas para complementar a renda, como trabalhos temporários fora da agricultura ou pequenos comércios. Contudo, estas atividades raramente oferecem segurança ou benefícios trabalhistas, como aposentadoria ou garantias de estabilidade. Isso resulta em sobrecarga, levando os trabalhadores rurais a enfrentar jornadas de trabalho longas e sem proteção.

O que deveria ser uma alternativa para fortalecer a economia familiar, começa a se tornar uma armadilha, empurrando os agricultores para uma insegurança quanto ao seu futuro, além da instabilidade financeira. Ao manter suas atividades extras no campo, tornando-se duplamente sobrecarregados e sem acesso a direitos básicos.

A modernização por meio da tecnologia é importante avanço dos pequenos produtores. Ela é um suporte fundamental para sair da precarização, aproximando novamente os agricultores de suas principais atividades, como foco na independência de trabalhos externos e inseguros. Garantir acesso ao crédito, assistência técnica e apoio para o escoamento da produção são passos fundamentais para valorizar o trabalho agrícola e permitir que os agricultores se sustentem por meio de seu próprio trabalho, sem depender de empregos informais.

Para enfrentar essa realidade, é essencial repensarmos as políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. Investir em proteção social para os agricultores é fundamental, assegurando que tenham acesso à terra regularizada, aos direitos trabalhistas, segurança previdenciária e condições dignas de trabalho. São progressos que melhoram a vida dos trabalhadores rurais e a economia do país, pois fortalecem a produção de alimentos e a economia rural.

Reconectar-se ao combate à precarização significa lutar por um futuro mais justo para o campo, onde o agricultor possa trabalhar com dignidade e segurança, contribuindo para um país mais sustentável e justo. A luta contra a precarização é, acima de tudo, uma batalha pela valorização do trabalhador rural, essencial para o desenvolvimento do Brasil.

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