Nesta quarta-feira, dia 4 de dezembro, a Secretaria Nacional Indígena, em parceria com a FAFERI e a UNI, inauguraram um curso gratuito de tranças na sede da CONAFER, em Brasília. As aulas, ministradas por Adriele Xukuru, ocorrem no auditório Pedro Firmino durante três dias. No dia 19 de novembro, a mesma oficina foi realizada no estado de Pernambuco, na FAFERI/PE da cidade de Pesqueira. Com direito a certificado de participação, o momento de compartilhar as técnicas para fazer o penteado popular tem o objetivo de formar novas trancistas para movimentar a economia das cidades e beneficiar, principalmente, as mulheres indígenas
A tradicional trança já faz parte dos penteados há mais de dois mil anos e tem um papel importante na história e identidade dos povos indígenas. O penteado prático funciona sozinho, mas também é usado para enfeitar uma composição mais simples nos cabelos. Por outro lado, as tranças de cultura africana e indígena, carregam uma bagagem ancestral muito forte, pois já foram utilizadas como ferramenta de sobrevivência durante o período da escravidão, já que serviam como mapas para os escravos chegarem à locais de liberdade. Hoje em dia, as tranças ainda continuam lembrando o significado de sobrevivência, mas agora como forma de conseguir renda para as aldeias.
No dia 19 de novembro, mulheres Xukuru se reuniram na FAFERI/PE, em Pesqueira, Pernambuco, para aprenderem a fazer tranças
Depois do sucesso do curso de tranças em Pesqueira, Pernambuco, que formou 32 novas trancistas do povo Xukuru, a equipe da Secretaria Nacional Indígena também implementou as oficinas técnicas na sede da CONAFER, em Brasília. A ideia é trazer liberdade financeira para mulheres, principalmente para as indígenas. Com a primeira aula em Brasília, que ocorreu na manhã desta quarta-feira, 4 de dezembro, 10 mulheres aprenderam com a instrutora Adriele Xukuru o passo a passo de como fazer tranças simples e adicionar o jumbo, um tipo de cabelo artificial, no penteado.
Do lado esquerdo, a professora do curso de tranças, Adriele Xukuru, entrega mechas de cabelo artificial (jumbo) para participante da oficina na sede da CONAFER, em Brasília
Em Brasília-DF, o curso será dividido da mesma forma que foi ministrado em Pesqueira, Pernambuco. No primeiro dia, as participantes aprendem a forma correta de fazer uma trança simples, trançando as mechas do cabelo para baixo, e não para cima, como a maioria das pessoas fazem. A mesma técnica é repetida com a adição do cabelo artificial, sempre colocando um pouco de gel cola para manter os fios alinhados e sem frizz.
Primeiro dia do curso de tranças da SNI, no auditório Pedro Firmino, na sede da CONAFER, em Brasília-DF
No segundo dia, as participantes do curso aprendem como fazer a trança nagô simples e, também, com o jumbo. Esse tipo de penteado, também conhecido como trança raiz, pega as mechas de toda a raiz do cabelo e junta na trança, fazendo uma espécie de desenho com caminhos pelo couro cabeludo. Além disso, na segunda aula do curso, as mulheres já iniciam a aplicação dos fios coloridos de cetim nas tranças, que dão ainda mais destaque para o cabelo.
Tranças nagô feitas por alunas do curso de tranças na FEFERI/PE, também ministrado por Adriele Xukuru
O terceiro e último dia de aulas é usado para revisão de todas as técnicas aprendidas, também aperfeiçoando o uso de cabelo artificial, os fios de cetim e outros enfeites de metal. Segundo Adriele Xukuru, essa oficina é “muito importante, pois trouxe mais conhecimento para as mulheres e é uma renda de trabalho.” Em média, um penteado profissional de tranças pode custar entre 200 a 500 reais, dependendo do comprimento e da quantidade de cabelo. No final deste ano, com a alta da procura de penteados para as festas de Natal e de Ano Novo, as participantes contam com os aprendizados para ganharem uma renda extra.
Os colaboradores da SNI da CONAFER: Júnior Xukuru, coordenador indígena de Pernambuco e Adriele Xukuru, instrutora do curso gratuito de tranças, em discurso da inauguração das aulas em Brasília
Este curso de tranças, realizado em Pernambuco e no Distrito Federal, é reflexo do esforço da Secretaria Nacional Indígena em promover e valorizar a cultura indígena nas comunidades. Mais do que tradição, esse momento também representa uma oportunidade de renda para mulheres indígenas, favorecendo a economia local e gerando vagas de emprego de forma autônoma e independente. A CONAFER realiza, todos os dias, ações sociais como esta em prol dos indígenas e agricultores rurais, fortalecendo a autonomia dos povos e o empreendedorismo.